O Iluminado de Stephen King (com estatísticas do Hotel Overlook para Rastro de Cthulhu e The Fall of Delta Green)
Um dos filmes mais impactantes da minha infância/adolescência foi O Iluminado (1980), magistralmente dirigido por Stanley Kubrick e estrelado por Jack Nicholson, Shelley Duvall e Danny Lloyd. As filmagens foram inspiradas no livro de mesmo nome, do premiado Stephen King. Não entendia porque King havia ficado tão irritado com a película e, alguns anos mais tarde, resolvi encarar o que foi publicado. Vamos a uma pequena resenha do livro (com spoilers) e uma sugestão de como incorporar o Hotel Overlook em um cenário para Rastro de Cthulhu e The Fall of Delta Green.
O Iluminado mostra a chegada da família Torrance no Hotel Overlook, um dos maiores empreendimentos nas montanhas do Colorado. Jack, um professor com problemas com alcoolismo, é contratado para ser o zelador do local durante o Inverno (onde pretende aproveitar a calmaria para escrever um livro). Com ele chegam sua esposa - Wendy e seu filho único - Danny, o tal "iluminado" do título. Quando a neve cai e os três ficam isolados, coisas estranhas começam a acontecer no estabelecimento, fazendo com que Jack vá gradativamente abraçando a insanidade e provocando em Wendy e Danny uma luta desesperada pela sobrevivência.
O Iluminado foi escrito por Stephen King em 1977 e é seu terceiro título publicado. Apesar de seus 41 anos, ainda mantém a força do estilo de suspense que consagrou King - várias páginas de descrição do cenário, com algumas sequências impactantes, gerando uma espiral de horror que faz você querer chegar ao final para saber como os protagonistas vão escapar da ameaça sobrenatural.
Os Torrance - Wendy, Danny e Jack |
Hotel Overlook (ou a entidade que reside no local) é o grande vilão da história e aproveita a falha moral de Jack para tentá-lo e dominá-lo. Com um interessante passado de tragédias, devassidão e mortes, Overlook é um buraco negro de corrupção nas montanhas do Colorado. Os acontecimentos registrados em anos anteriores por King são tão interessantes que renderiam até mais capítulos ou outros livros - como, por exemplo, o crime cometido por Delbert Grady, um antigo zelador que cometeu suicídio depois de matar suas duas filhas e sua esposa.
Jack e Danny tem contato com o Hotel de formas diferentes e é interessante ver como é feita essa comunicação. Com Danny, as manifestações são inocentes, mas assustadoras - sejam as topiarias que ganham vida e atacam o menino, seja o fantasma de uma senhora que morreu em um dos quartos do estabelecimento. Com Jack, a ação do Hotel é mais direta e parte desde a descoberta da verdadeira história do local a participação de Torrance em um baile de gala, muitos anos antes do tempo em que se passa o livro.
Wendy é uma coadjuvante interessante, mas sem a força criativa direcionada para os três personagens - Jack, Danny e Overlook - e serve como espectadora de todo o horror presente nas páginas do livro. Ela, assim como o cozinheiro Dick Hallorann (um iluminado de menor poder e o único que se comunica com Danny) tem suas participações em momentos vitais do texto, mas sempre reativos, levados a proteger o garoto da ameaça presente nas montanhas do Colorado.
Leia o livro e veja o filme
É raro quando isso acontece, mas "O Iluminado" de Stanley Kubrick melhora exponencialmente o livro de Stephen King (talvez esse seja o motivo da irritação do consagrado escritor, hehehehe). Em tempo, a película não substitui a leitura, mas estabelece rostos conhecidos para os personagens e cria uma atmosfera ainda mais perturbadora para o Hotel Overlook.
Naturalmente, em duas horas de filme não seria possível acrescentar todas as nuances e passagens contidas no livro e, por esse motivo, é importante (e até necessário para quem gosta de horror) ler o original de King, que detalha o passado de Jack com a bebida, seu relacionamento com Wendy e Danny e os crimes cometidos anteriormente no hotel.
O filme deixa claro as mudanças que o Overlook causa em Jack (com um Jack Nicholson impecável) e apresenta uma cena que não existe no livro e é o ponto onde os espectadores descobrem que Torrance foi corrompido (e ficou louco) - Wendy vai até a máquina de escrever e pega os papéis com o rascunho do futuro livro do marido e encontra, em todas as páginas, o mesmo texto - "Muito trabalho e pouca diversão faz de Jack um cara bobão".
O final controverso
Livro e filme apresentam finais diferentes. King escreve um desfecho mais positivo e acaba com o Hotel Overlook nas páginas finais, explodindo tudo e encerrando a influência maligna presente no local. Apesar do trauma, Wendy, Danny e Dick Hallorann terminam vivos e em segurança.
No filme, Jack mata Hallorann (o que faz mais sentido, de certa forma), mas morre congelado em um grande labirinto de cerca viva (que não existe no livro), deixando Wendy e Danny fugir do local. O Hotel Overlook permanece intacto e na última cena é possível ver que Jack foi "incorporado" ao estabelecimento, retratado em uma foto de um baile de gala de 4 de julho de 1921.
Neste final, muito mais impactante, o Overlook continua existindo e ainda poderá ser a causa de corrupção de novos hóspedes ou funcionários.
Hotel Overlook - seu passado e sua arquitetura
(retirado do texto Before the Play, original de Stephen King, que não faz parte do livro, sendo publicado posteriormente)
Bob T. reconstruiu a fortuna, sem ajuda, entre os anos de 1895 e 1905, foi quando começou a pensar em uma forma de coroar o seu esforço. Dois anos depois ele decidiu construir o maior e mais luxuoso resort hotel da América, um lugar de descanso para os ricos ao leste de Sidewinder, Colorado.
Em 1907 as obras começaram. Dois anos depois (e após a perda de todos os cabelos e o bônus de uma ulcera) terminara a construção do Overlook, supervisionada pelo próprio Bob T. Antes mesmo da inauguração ainda durante a construção do Hotel, acontece a primeira morte envolvendo o Overlook. Um dos dois filhos de Bob, Boyd Watson, cai de um cavalo ao saltar sobre uma pilha de madeira serrada (onde hoje é a topiaria) e quebra o pescoço.
Seguido pela tragédia vieram os reversos financeiros e um dano de meio milhão de dólares provocado por um contador desonesto. Mesmo assim, o persistente Bob T. levou adiante seu plano de e acabou abrindo as portas do Overlook no final da primavera de 1910.
Nascia, dessa forma, o imponente Overlook Hotel, com seus 110 quartos, topiaria de animais de arbustos, playground, pista de críquete, campo de golfe, quadras de tênis, pátio de jogos, salão de jantar com vista para os picos dentados das Rockies, salão de bailes, amplo saguão para festas e uma majestosa escadaria ascendendo para o segundo andar, além da mobília neo-vitoriana casando perfeitamente bem com o suntuoso candelabro que enfeita o teto. Entretanto, a beleza imensurável do Overlook Hotel não foi suficiente para evitar a sequência de infortúnios que viriam.
Desde sua temporada de estréia o Overlook passou por problemas. O primeiro deles (desconsiderando a morte do futuro herdeiro dos Watsons) foi que quando ocorreu a inauguração, em 1º de Junho de 1910, as estradas que levavam até o hotel estavam quase intransponíveis. Nunca chovera tanto no Colorado como naquele ano. Apesar disso, no dia em que foi cortada a faixa pelas mãos do deputado de Bob T, o céu estava impecavelmente claro. Todos estranharam quando uma mulher da primeira fila desmaiou, assim que o deputado concluiu a cerimonia. Quando acordou, assustada, ela jurara que vira uma coisa “não humana” no saguão do hotel.
Outras histórias jamais chegaram a público. Um dos chefes de cozinha queimou seu braço enquanto preparava o almoço e teve que ser hospitalizado, A Sra. Arkinbauer, esposa do rei das embalagens de carne, escorreu depois do banho e quebrou seu pulso. Mas foi só no jantar daquela mesma noite que a segunda tragédia maior envolvendo o Overlook Hotel, aconteceu. O deputado de Bob T Watson engasgou-se com um pedaço de filé de lombo de vaca e morreu engasgado na frente de duzentos aterrorizados convidados. As temporadas que se seguiram não foram, de forma alguma, mais animadoras, até que em 1915 Bob T. praticamente falido, finalmente desiste da ideia de administrar o Overlook Hotel e o vende para um homem chamado James Parris, com uma única condição; a de que ele e e seu filho restante tivessem empregos vitalícios como zeladores do hotel.
Parris, entretanto, teve tanta sorte na administração do hotel quanto Bob T. Bob não acreditava que entre os anos de 1915 e 1922 um ano sequer houvesse passado com a folha de contabilidade no azul. Como uma espécia de “ponto final” para Parris, o filho de Bob, Dick Watson, o encontrara em uma manhã, estendido duro ao lado de dois leões feitos de arbustos na topiaria do Overlook. Sua mulher o abandonara só dois anos antes, em 1920, devido a obsessão que o próprio Parris desenvolvera para com o Hotel.
Desde então o Overlook Hotel passara pela mão de diversos proprietários, entretanto o mais conhecido deles fora sem sombra de dúvidas um milionário excêntrico que injetara mais de um milhão (alguns dizem que a cifra passou da casa dos três milhões) chamado Horace Derwent. Apesar dos diversos esforços (que duraram exatas seis temporadas, de 1946 até 1952), Derwent não conseguiu, assim como seus antecessores, emplacar o Overlook e acabou vendendo-o, junto com seus outros empreendimentos no Colorado.
Em 1961 quatro escritores (dois deles ganhadores do Prêmio Pulitzer) alugaram o Overlook e o abriram como uma escola para escritores que durou um ano. Em uma noite, um dos alunos, completamente embriagado, saltou pela janela de um dos apartamentos do terceiro andar e caiu morto no terraço de cimento. Dois anos depois um grupo de Las Vegas, do qual especula-se que o antigo proprietário Horace Derwent faria parte, comprou o Overlook e o transformou em um clube privado para ricos e (mais uma vez os indícios são muito fortes) mafiosos. O clube se desfez com o trágico homicídio triplo em 1966, quando Vittorio Gienelli, um mafioso local conhecido como “O açougueiro” e dois dos seus amigos (ou capangas) foram mortos com tiros de espingarda calibre 12 a queima roupa.
Hotel Overlook para Rastro de Cthulhu e The Fall of Delta Green
Os livros de Stephen King, embora tenham uma pegada mais próxima do horror pessoal e sobrenatural, também contam, com certa frequência, com elementos de horror cósmico, numa clara influência dos textos de H.P.Lovecraft. Por esse motivo, é possível fazer uma livre interpretação e adaptar algumas de suas criações para rpgs como Rastro de Cthulhu e The Fall of Delta Green. Para iniciarmos, um bom desafio será converter Hotel Overlook em uma ameaça para os investigadores dos dois jogos (utilizaremos o final do filme como continuidade da história, mas a base ainda será o conteúdo do livro).
É possível presumir que "O Iluminado" se passe em 1976 ou 1977, por conta de várias referências publicadas na obra. Em função do período temporal (década de 1970), Hotel Overlook pode ser um local interessante para Guardiões que pretendam incluí-lo em uma investigação para The Fall of Delta Green ou Rastro de Cthulhu (extrapolando um pouco a década utilizada como base nos dois livros).
Naturalmente, os investigadores aparecerão algumas semanas depois da tragédia com os Torrance, chamados por amigos na polícia local para auxiliar na apuração do que pode ter acontecido com o zelador, desaparecido após um possível surto psicótico que resultou na morte do cozinheiro do local e de relatos desconexos por parte dos familiares sobreviventes (sua esposa e filho de cinco anos) quando foram encontrados por policiais. O crime aconteceu durante o Inverno, um dos mais rigorosos dos últimos anos.
O desaparecimento de Jack Torrance é um mistério. Ele não foi encontrado em nenhum lugar do hotel e mesmo com a chegada da Primavera, seu paradeiro não foi localizado e nenhum corpo foi descoberto. As TVs locais fizeram o registro do caso e mencionaram uma ocorrência anterior, com Delbert Grady, antigo zelador que cometeu suicídio depois de matar suas duas filhas e sua esposa.
Stuart Ullman, o gerente do hotel, receberá os investigadores, mas pouco ajudará na elucidação do crime. Para evitar publicidade negativa, vai tentar de todas as formas incriminar Jack Torrance, relatando seu passado de alcoolismo e a agressão que motivou a expulsão de seu último emprego (Jack espancou um aluno). Ullman é esnobe e arrogante e não responderá de forma clara sobre nenhum dos crimes anteriores registrados no Overlook.
Wendy e Danny não poderão ser contactados. Ela está internada em um hospital, se recuperando do espancamento sofrido pelo marido (teve várias costelas quebradas, parte da orelha cortada, concussão na cabeça, além de cortes, arranhões e luxações por todo o corpo). Danny está com ela e não poderá ser entrevistado pelos investigadores. Os dois ainda não prestaram depoimento oficial sobre o que aconteceu no hotel, relatando muito pouca coisa (a maioria sem sentido) quando foram encontrados por policiais, logo depois da fuga do estabelecimento.
O Hotel Overlook abriga um ser ancestral chamado Lloigor, que chegou na Terra há centenas de anos e fez sua morada nas montanhas do Colorado, onde o empreendimento foi construído. A presença humana no local, séculos mais tarde, despertou a criatura, que surgiu com poderes reduzidos. A presença de um Iluminado no nível de Danny Torrance atiçou o Lloigor, que vislumbrou uma oportunidade de aumentar seu poder.
Entidades ancestrais, os Lloigor são seres sem forma, compostos de energia psíquica e que absorvem essa energia dos humanos, deixando-os esgotados ou doentes e eventualmente causando loucura em seus alvos. Praticamente invisíveis, sua presença pode ser detectada como uma discreta ondulação no ar, semelhante a uma miragem criada pelo calor.
O Lloigor estava adormecido desde o crime cometido por Delbert Grady, antigo zelador do Hotel. A criatura desperta com a presença de Danny (durante a conversa mental que o garoto tem com o cozinheiro Dick Hallorann) e se manifesta para Jack Torrance quando ele vai ao porão, cuidar da caldeira e o influencia a pesquisar a história do Hotel (que estava armazenada em várias caixas com notas e recortes de jornal no subsolo).
O Lloigor pode realizar ações sobrenaturais, como alterar o fluxo do tempo, modificar os sentidos (gerando visões, sons e aromas não existentes) e causar explosões misteriosas. Indivíduos mais sensíveis são os mais impactados e antes dos ataques, uma onda de arrepios, calafrios e paranoia pode ser sentida pelos alvos.
O Lloigor atuará da mesma forma como o Hotel Overlook é representado no livro. Os investigadores deverão fazer testes constantes de Estabilidade e em caso de falha, começarão a ter visões de ocorrências criminais antigas que aconteceram no local; sentirão aromas familiares de coisas que não estarão no imóvel; e ouvirão sons impossíveis de serem reproduzidos ali. Os Guardiões devem ser bem criativos nas alucinações e podem utilizar as figuras icônicas de Jack Torrance e Delbert Grady para assustar os jogadores.
A mente de um Lloigor não é dividida em camadas de consciência. Lloigor não esquecem, nem possuem imaginação ou subconsciente para enganá-los ou distraí-los. Suas perspectivas de pessimismo absoluto em uma atmosfera melancólica tornam suas mentes e ações incompreensíveis para os humanos. Contatos telepáticos com um Lloigor sempre conduzem seus parceiros humanos a um frenesi assassino e a uma depressão suicida.
Lloigor são poderosos manipuladores de energia potencial, gravidade, força cinética e até mesmo o Tempo até o nível quântico. Eles também podem manipular moléculas ambientais (especialmente em forma de fluido ou gás) para criar uma “forma de dragão” material, que naturalmente também pode se assemelhar a dinossauros ou grandes répteis.
Os Lloigor foram retratados pela primeira vez no conto "The Lair of the Star-Spawn", escrito por August Derleth e Mark Schorer e publicado em 1932.
Hotel Overlook (Lloigor)
Habilidades: Atletismo 3, Vitalidade 40, Briga 0
Limiar de Acerto: 7 (invisível)
Modificador de Prontidão: +1 (+2 vs. qualquer campo elétrico ou música)
Modificador de Furtividade: +2
Ataques: Telecinésia ou Vórtice (ver abaixo)
Armadura: Imaterial; não pode ser ferido por qualquer tipo de arma física
Perda de Estabilidade: +1 como poltergeist imaterial; +3 para comunicação ou contato mental
*Não abordaremos o Lloigor em sua forma de dragão, justamente por não haver nenhuma manifestação dela na obra O Iluminado.
Colheita: Os Lloigor precisam dos humanos para sobreviver. Essas entidades imateriais precisam extrair energia de seres inteligentes para realizar tarefas necessárias. Um Lloigor pode gastar 1 ponto de sua Vitalidade para drenar de um único humano adormecido, ou 5 pontos de sua Vitalidade para drenar de vários adormecidos de uma única vez, até muitas milhas de distância. Cada vítima perde 1d6 pontos de uma, ou mais, de suas reservas em quaisquer habilidades. Um lloigor, colhendo de vários adormecidos, pode recuperar todos os pontos de sua reserva de qualquer uma de suas habilidades, inclusive Vitalidade, durante toda a noite. A coleta de um único humano lhe permite recuperar os pontos normalmente. Na manhã seguinte, as vítimas acordam queixando-se de dores de cabeça e de sono ruim.
Doença do sono: Um Lloigor pode concentrar-se em um único humano para uma coleta intensa, seja para recrutá-lo (ao diminuir sua Estabilidade até -12) ou para remover uma ameaça potencial. O Lloigor gasta 3 de seus pontos de Vitalidade para diminuir a Vitalidade da vítima em 1 ponto, deixando-a fisicamente debilitada, e drenando 1d6 pontos de sua Estabilidade, levando-a a um coma espiritual. Após cada dia completo inconsciente e sobre a influência do Lloigor, a vítima pode tentar um teste de Consciência (veja pág. 63 de Rastro de Cthulhu) para acordar. Se bem-sucedida, a vítima imediatamente recupera 1 ponto de sua Estabilidade (ou volta a 1, se sua Vitalidade estiver negativa) e se torna suscetível ao tratamento médico para recuperar sua Vitalidade (a critério do Guardião, a vítima pode recordar-se de pesadelos enquanto esteve em coma, provendo pistas valiosas sobre o paradeiro da criatura). Se não, continua adormecida por mais um dia, perdendo 1 ponto de sua Estabilidade a cada noite. Quando sua Vitalidade atingir -11, ela estabiliza; não pode mais fazer nenhum teste de Consciência, porém não perde mais Vitalidade. Quando sua Estabilidade atingir -12, ela desperta para servir ao Lloigor.
Telecinesia: O Lloigor pode afetar o mundo material através de telecinésia, embora precise estar diretamente presente para fazê-lo. Pode ser de forma grosseira (arremessar pessoas para fendas, destroçar o motor de aviões, etc.), delicada (mover a agulha de uma bússola ou um bisturi) ou intricada (destravar um cofre). Custa ao Lloigor 10 pontos de sua Vitalidade para criar uma força capaz de manipular até 3,5 quilos acima do solo, ou 6 pontos de sua Vitalidade para o mesmo efeito em uma superfície subterrânea, mas que não seja em área aberta, como o leito de um rio ou desfiladeiro, e 3 pontos de sua Vitalidade em um túnel ou caverna. Para cada incremento adicional, a quantidade de força dobra. Um único Lloigor pode usar 3 pontos de sua Vitalidade para mover uma garrafa de vinho ou um canivete dentro de um porão. Se gastar 6 pontos de sua Vitalidade, pode manipular até 7 kg, gastando 9 pontos, pode exercer até 14 kg de força, se gastar 12 pontos pode mover até 28 kg, e assim por diante.
Vórtice: A arma mais temível dos Lloigor é um tipo de implosão cujo som lembra um trovão distante. A explosão do vórtice reduz a estilhaços tudo em sua área, deixando o chão fragmentado e descolorido, com poças de uma água azul-esverdeada em fossas e fendas eventuais. O diâmetro da explosão é de 1 metro por ponto de Vitalidade gasto pela criatura.
Depressão pessimista: O contato com a mente do Lloigor enche o cérebro humano de um pessimismo imenso e esmagador. Após o contato, um personagem enfraquecido (-6 ou menos de Estabilidade) ganha a doença mental Melancolia. Os melancólicos são os últimos a tomar a iniciativa em qualquer situação e não podem gastar pontos em iniciativa. Qualquer comportamento ativo, otimista (ou preservador da vida) requer um teste de estabilidade de 4 pontos, e alguns testes gerais de habilidade (Fugir, Sentir Perigo, etc.) podem ter maior dificuldade para os investigadores melancólicos.
Aparentemente um hotel mal-assombrado, o Overlook é um adversário muito difícil de ser derrotado, justamente por conta da manifestação etérea do Lloigor. Quanto mais cedo os investigadores descobrirem quem estão enfrentando, mas rápido poderão encontrar uma forma de destruí-lo (ou de fugir da criatura). A primeira opção é destruir o Hotel Overlook (tal como acontece no livro O Iluminado), mas, por conta de sua importância e tradição, nenhum de seus proprietários aceitará essa solução de forma fácil.
Outra opção é um confronto mental com alguém com nível de poder semelhante ao da criatura. Os investigadores podem insistir no contato com Wendy e Danny Torrance, mas, por conta dos ferimentos agravados da jovem senhora, será difícil convencê-la a "emprestar" o filho para derrotar a ameaça que vive no hotel.
Por fim, os investigadores podem convencer as autoridades a isolar a área do hotel e deixá-lo vazio, forçando a criatura a entrar novamente em estado de torpor (e encontrando, posteriormente, uma forma de neutralizá-la em definitivo).
A Terrível Verdade
Entidades ancestrais, os Lloigor são seres sem forma, compostos de energia psíquica e que absorvem essa energia dos humanos, deixando-os esgotados ou doentes e eventualmente causando loucura em seus alvos. Praticamente invisíveis, sua presença pode ser detectada como uma discreta ondulação no ar, semelhante a uma miragem criada pelo calor.
O Lloigor estava adormecido desde o crime cometido por Delbert Grady, antigo zelador do Hotel. A criatura desperta com a presença de Danny (durante a conversa mental que o garoto tem com o cozinheiro Dick Hallorann) e se manifesta para Jack Torrance quando ele vai ao porão, cuidar da caldeira e o influencia a pesquisar a história do Hotel (que estava armazenada em várias caixas com notas e recortes de jornal no subsolo).
O Lloigor pode realizar ações sobrenaturais, como alterar o fluxo do tempo, modificar os sentidos (gerando visões, sons e aromas não existentes) e causar explosões misteriosas. Indivíduos mais sensíveis são os mais impactados e antes dos ataques, uma onda de arrepios, calafrios e paranoia pode ser sentida pelos alvos.
O Lloigor atuará da mesma forma como o Hotel Overlook é representado no livro. Os investigadores deverão fazer testes constantes de Estabilidade e em caso de falha, começarão a ter visões de ocorrências criminais antigas que aconteceram no local; sentirão aromas familiares de coisas que não estarão no imóvel; e ouvirão sons impossíveis de serem reproduzidos ali. Os Guardiões devem ser bem criativos nas alucinações e podem utilizar as figuras icônicas de Jack Torrance e Delbert Grady para assustar os jogadores.
A mente de um Lloigor não é dividida em camadas de consciência. Lloigor não esquecem, nem possuem imaginação ou subconsciente para enganá-los ou distraí-los. Suas perspectivas de pessimismo absoluto em uma atmosfera melancólica tornam suas mentes e ações incompreensíveis para os humanos. Contatos telepáticos com um Lloigor sempre conduzem seus parceiros humanos a um frenesi assassino e a uma depressão suicida.
Lloigor são poderosos manipuladores de energia potencial, gravidade, força cinética e até mesmo o Tempo até o nível quântico. Eles também podem manipular moléculas ambientais (especialmente em forma de fluido ou gás) para criar uma “forma de dragão” material, que naturalmente também pode se assemelhar a dinossauros ou grandes répteis.
Os Lloigor foram retratados pela primeira vez no conto "The Lair of the Star-Spawn", escrito por August Derleth e Mark Schorer e publicado em 1932.
Hotel Overlook (Lloigor)
Habilidades: Atletismo 3, Vitalidade 40, Briga 0
Limiar de Acerto: 7 (invisível)
Modificador de Prontidão: +1 (+2 vs. qualquer campo elétrico ou música)
Modificador de Furtividade: +2
Ataques: Telecinésia ou Vórtice (ver abaixo)
Armadura: Imaterial; não pode ser ferido por qualquer tipo de arma física
Perda de Estabilidade: +1 como poltergeist imaterial; +3 para comunicação ou contato mental
*Não abordaremos o Lloigor em sua forma de dragão, justamente por não haver nenhuma manifestação dela na obra O Iluminado.
Colheita: Os Lloigor precisam dos humanos para sobreviver. Essas entidades imateriais precisam extrair energia de seres inteligentes para realizar tarefas necessárias. Um Lloigor pode gastar 1 ponto de sua Vitalidade para drenar de um único humano adormecido, ou 5 pontos de sua Vitalidade para drenar de vários adormecidos de uma única vez, até muitas milhas de distância. Cada vítima perde 1d6 pontos de uma, ou mais, de suas reservas em quaisquer habilidades. Um lloigor, colhendo de vários adormecidos, pode recuperar todos os pontos de sua reserva de qualquer uma de suas habilidades, inclusive Vitalidade, durante toda a noite. A coleta de um único humano lhe permite recuperar os pontos normalmente. Na manhã seguinte, as vítimas acordam queixando-se de dores de cabeça e de sono ruim.
Vórtice: A arma mais temível dos Lloigor é um tipo de implosão cujo som lembra um trovão distante. A explosão do vórtice reduz a estilhaços tudo em sua área, deixando o chão fragmentado e descolorido, com poças de uma água azul-esverdeada em fossas e fendas eventuais. O diâmetro da explosão é de 1 metro por ponto de Vitalidade gasto pela criatura.
Depressão pessimista: O contato com a mente do Lloigor enche o cérebro humano de um pessimismo imenso e esmagador. Após o contato, um personagem enfraquecido (-6 ou menos de Estabilidade) ganha a doença mental Melancolia. Os melancólicos são os últimos a tomar a iniciativa em qualquer situação e não podem gastar pontos em iniciativa. Qualquer comportamento ativo, otimista (ou preservador da vida) requer um teste de estabilidade de 4 pontos, e alguns testes gerais de habilidade (Fugir, Sentir Perigo, etc.) podem ter maior dificuldade para os investigadores melancólicos.
Como derrotar o Hotel Overlook (e o Lloigor)
Aparentemente um hotel mal-assombrado, o Overlook é um adversário muito difícil de ser derrotado, justamente por conta da manifestação etérea do Lloigor. Quanto mais cedo os investigadores descobrirem quem estão enfrentando, mas rápido poderão encontrar uma forma de destruí-lo (ou de fugir da criatura). A primeira opção é destruir o Hotel Overlook (tal como acontece no livro O Iluminado), mas, por conta de sua importância e tradição, nenhum de seus proprietários aceitará essa solução de forma fácil.
Outra opção é um confronto mental com alguém com nível de poder semelhante ao da criatura. Os investigadores podem insistir no contato com Wendy e Danny Torrance, mas, por conta dos ferimentos agravados da jovem senhora, será difícil convencê-la a "emprestar" o filho para derrotar a ameaça que vive no hotel.
Por fim, os investigadores podem convencer as autoridades a isolar a área do hotel e deixá-lo vazio, forçando a criatura a entrar novamente em estado de torpor (e encontrando, posteriormente, uma forma de neutralizá-la em definitivo).
Rastro de Cthulhu é publicado no Brasil pela Retropunk Publicações, sob licença da Pelgrane Press.
The Fall of Delta Green é uma publicação da Pelgrane Press.
Comentários
Postar um comentário