O Bestiário do Folclore Brasileiro por Câmara Cascudo: M'boitatá, Cobra Norato e Maria Caninana, os Filhos de Yig para Chamado e Rastro de Cthulhu
A primeira missão do grupo organizado pelo antropólogo e folclorista Câmara Cascudo confirmou a existência de espécies únicas de abissais típicos do território brasileiro. Com o sucesso da empreitada, os investigadores sobreviventes são orientados a não comentar o que viram com ninguém, nem com parentes e amigos, sob pena de causar pânico entre a população e chamar a atenção das forças militares para casos incompreensíveis.
Câmara Cascudo armazena todos os documentos, relatórios e provas físicas em seu arquivo e lança um novo desafio: apurar a veracidade dos mitos do M'boitatá e de Cobra Norato e Maria Caninana, lendas registradas na região Norte do Brasil, mas que, dadas algumas variações, foram também relatadas em outras regiões.
Além deles uma tribo indígena perdida no coração da selva, que mantém ligações estreitas com as criaturas-cobra que estão sendo investigadas neste momento.
O DEUS ANTIGO YIG
Yig é uma criação de Zelia Bishop e surgiu no conto "A Maldição de Yig" (1928), reescrito um ano depois por H.P.Lovecraft, que incluiu a entidade no panteão dos Mitos de Cthulhu.
Ele é conhecido como Pai das Serpentes e ele possui relações estreitas com as criaturas que apresentamos hoje
Além deles uma tribo indígena perdida no coração da selva, que mantém ligações estreitas com as criaturas-cobra que estão sendo investigadas neste momento.
O DEUS ANTIGO YIG
Yig é uma criação de Zelia Bishop e surgiu no conto "A Maldição de Yig" (1928), reescrito um ano depois por H.P.Lovecraft, que incluiu a entidade no panteão dos Mitos de Cthulhu.
Ele é conhecido como Pai das Serpentes e ele possui relações estreitas com as criaturas que apresentamos hoje
No conto, que se passa em 1889, um casal fixa residência na cidade de Oklahoma, ainda fazendo parte de Arkhansas e estado com a segunda maior população de nativo americanos dos Estados Unidos. Eles passam a ter contato com os indígenas e aprendem sobre uma lenda local que trata de um "Deus Cobra", que mata ou transforma em um ser meio humano e meio cobra quem fizer mal a um ofídio.
Durante o texto, o casal faz vários rituais para manter Yig distante da vida dos dois, mas falham e descobrem como a divindade pode ser implacável. A mulher mata acidentalmente o marido no escuro, acreditando que estaria alvejando a criatura, o que a faz enlouquecer. Ela é internada em um asilo para morrer, mas, antes, dá a luz a uma criatura meio-cobra.
Yig também foi venerado no Egito, sob a forma de Set; na Austrália, os aborígenes o chamavam de Julunggul, a Serpente Arco-íris; e adorado por vários povos indígenas da América do Norte. Apesar de sua simpatia pelos humanos, Yig não tolera que seus filhos (cobras e serpentes) sejam maltratados, recaindo sua ira sobre quem praticar qualquer ato de violência contra eles. Normalmente a punição de seus inimigos ocorre por meio de uma maldição, transformando-os em monstruosidades híbridas de serpentes, enlouquecendo os agressores, pois faz com que eles acreditem ter se tornado víboras. Em outros casos menos comuns Yig simplesmente mata seus opositores, um destino menos doloroso.
Pela proximidade com o México, Yig esteve várias vezes no Brasil, com destaque na região da selva amazônica. Essas visitas renderam frutos (literalmente) como o M'boitatá, o Cobra Norato e a Maria Caninana.
"Há também outros (fantasmas), máxime nas praias, que vivem a maior parte do tempo
junto do mar e dos rios, e são chamados “baetatá”, que quer dizer cousa de fogo, o que é o mesmo como se se dissesse o que é todo de fogo. Não se vê outra cousa senão um facho cintilante correndo para ali; acomete rapidamente os índios e mata-os, como os curupiras; o que seja isto, ainda não se sabe com certeza."
- Relato do padre jesuíta José de Anchieta na "Carta de São Vicente" publicado em 1560
O ESPÍRITO DE FOGO M'BOITATÁ
Ao contrário do que muitos pensam, M'boitatá não é uma espécie, mas sim uma criatura única que ronda todo o território nacional, normalmente encontrada em florestas e matas próximas a rios da região Norte do Brasil. Porém, há relatos de aparições por todo o território nacional, principalmente nos estados do Nordeste e no Sul do País.
Seu nome é originado do Tupi, com a junção das palavras "Mbae" (coisa) e "tata" (fogo), o que faz alusão à aparência e essência da criatura. Trata-se de uma grandiosa cobra, com mais de 20 metros de comprimento, e quase dois metros de largura. O corpo coberto de escamas com padrões que lembram olhos. Ao dia aparenta ser escura e camuflada como uma tora em brasa (chamada de Méuan pelos indígenas), mas a noites suas escamas brilham com a intensidade das chamas e padrões oculares parecem arder com fogo.
Apesar de seu tamanho descomunal, se locomove com grande velocidade e destreza, sendo apelidado na região Nordeste de "fogo corredor".
É um ser noturno e por isso passa o dia adormecido e camuflado em regiões que margeiam os rios, praticando alguma atividade somente quando o Sol se põe ou caso seja perturbada.
M'boitatá é um dos filhos de Yig. Durante o período em que habitou as terras Astecas e Toltecas como uma divindade teve oportunidade e interesse de visitar a Floresta Amazônica, lar de muitas espécies únicas de cobras.
Encantado com a maior e mais bela sucuri (espécie também chamada de anaconda, que só é encontrada no Brasil e na Bolívia) da região, o pai das serpentes tomou para si o animal. Desse encontro repentino nasceu um rebento. Uma espécie única de cobra, mais forte e maior que qualquer outra, com inteligência e sagacidade que a fez ser reconhecido por seu pai, que a impôs o título de protetor de cobras e serpentes de toda a terra que habitasse, cabendo a ela punir aqueles que cometessem algum mal a seus irmãos. A partir daí todas as criaturas deveriam temê-la e respeitá-la, sob pena de sua punição.
Seu nome é originado do Tupi, com a junção das palavras "Mbae" (coisa) e "tata" (fogo), o que faz alusão à aparência e essência da criatura. Trata-se de uma grandiosa cobra, com mais de 20 metros de comprimento, e quase dois metros de largura. O corpo coberto de escamas com padrões que lembram olhos. Ao dia aparenta ser escura e camuflada como uma tora em brasa (chamada de Méuan pelos indígenas), mas a noites suas escamas brilham com a intensidade das chamas e padrões oculares parecem arder com fogo.
Apesar de seu tamanho descomunal, se locomove com grande velocidade e destreza, sendo apelidado na região Nordeste de "fogo corredor".
M'boitatá é um dos filhos de Yig. Durante o período em que habitou as terras Astecas e Toltecas como uma divindade teve oportunidade e interesse de visitar a Floresta Amazônica, lar de muitas espécies únicas de cobras.
Encantado com a maior e mais bela sucuri (espécie também chamada de anaconda, que só é encontrada no Brasil e na Bolívia) da região, o pai das serpentes tomou para si o animal. Desse encontro repentino nasceu um rebento. Uma espécie única de cobra, mais forte e maior que qualquer outra, com inteligência e sagacidade que a fez ser reconhecido por seu pai, que a impôs o título de protetor de cobras e serpentes de toda a terra que habitasse, cabendo a ela punir aqueles que cometessem algum mal a seus irmãos. A partir daí todas as criaturas deveriam temê-la e respeitá-la, sob pena de sua punição.
A cria-sucuri de Yig cumpre com prazer e eficiência a tarefa que lhe fora destinada. Pune quem maltrata seus iguais enrolando o malfeitor em um aperto de força descomunal, para que fique preso enquanto ela se alimenta dos olhos da vítima. Ela herdara o gosto pela maldição de infratores do seu pai, e a vítima que sobrevive é assolada por uma forma de loucura que apenas pode ser descrita como um veneno mental.
Além da surpreendente habilidade física, suas capacidades sobrenaturais são uma benção concedida devido a sua dedicada atenção em cumprir suas tarefas, bem como um capricho orgulhoso de Yig que satisfaz-se com o gosto peculiar da criatura em causar a loucura.
A benção de Yig faz com que que todos os olhos devorados pela M'boitata façam parte de sua pele, incorporando-se nos padrões em forma de olhos que estão em suas escamas. A cada noite, eles brilham intensamente e queimam como bolas de fogo na escuridão. Daí surge o seu nome, e o temor dos povos que conhecem a sua lenda e seu propósito.
Como parte de seu portfólio da proteção de seus irmãos, a criatura impede queimadas nas matas e campos habitados por ofídios. O que gerou sua atuação quando da expansão de tribos, vilas e cidades. Sua presença causou grande temor entre os indígenas e, posteriormente entre colonizadores e fazendeiros, ao longo da história do Brasil. Como durante o dia a criatura fica estagnada, e quando tocada pode causar a morte por combustão quem começou o incêndio.
O M'BOITATÁ EM 1920
Em 1920, o MBoitatá pode ser localizado por toda a extensão do Rio Amazonas. Manaus apresenta um crescimento populacional considerável e várias novas vilas e cidades ribeirinhas começam a se formar, fazendo com que a criatura se mantenha presente e vigilante na proteção de seus irmãos, que morrem quando entram nas residências dos humanos.
Algumas vilas próximas a cidade de Tefé determinaram um toque de recolher motivado pelos inúmeros registros de mortes e de casos de loucura que vêm acontecendo, ligados a ataques de uma criatura reconhecida como o M'boitatá.
Apesar de ser uma lenda, ela vêm afetando o dia a dia da população, e incrédulos acham uma grande bobagem, mas a maioria da população segue sem sair de sua casa depois que anoitece. Com o aumento do temor do povo o governo local solicitou ao Exército que envie um destacamento para apurar os fatos.
Apesar de ser uma lenda, ela vêm afetando o dia a dia da população, e incrédulos acham uma grande bobagem, mas a maioria da população segue sem sair de sua casa depois que anoitece. Com o aumento do temor do povo o governo local solicitou ao Exército que envie um destacamento para apurar os fatos.
COBRA NORATO E MARIA CANINANA
Relatos recorrentes de duas pessoas presentes em eventos trágicos ao longo do rio Amazonas nos fizeram investigar as regiões ribeirinhas, onde descobrimos elementos que podem indicar a existência de duas criaturas mitológicas na região.
Os relatos nos diários informam que uma jovem, reconhecida por sua grande beleza, engravidou e foi confessar ao padre acerca de quem seria o pai. Ela disse que não deveria estar grávida, pois não havia se deitado com homem algum, mas confessou ter praticado um ato lascivo com uma grande serpente que a hipnotizou e seduziu enquanto se banhava no rio.
Inicialmente, mesmo o depoimento sendo prestado em uma confissão, o padre e toda diocese descreditaram o relato, e consideraram a blasfêmia uma história inventada a partir da pressão social da tribo, com base na cultura indígena, para evitar dizer quem era o pai, ou assumir o pecado original.
A índia tapuia, muito fiel, continuou frequentando confessionário e certa vez convenceu o padre a prometer-lhe batizaria seus filhos custe o que custasse, não importasse quem fosse o pai. Incomodado porém incrédulo o padre aceitou o compromisso em forma de juramento.
No ato do nascimento, no lugar de duas crianças nascem duas serpentes gêmeas de escamas brilhantes. O padre cumpriu seu último compromisso, batizando as serpentes com os nomes cristãos Honorato e Maria, para em seguida enlouquecer ao ver o "crescimento" das criaturas, mas não sem antes espalhar aos quatro ventos que naquelas terras amaldiçoadas um ser humano deu a luz a crias de Lúcifer, a serpente do éden.
Por fim, ele comete suicídio.
A partir desse ponto as pesquisas passaram a ser acerca do folclore local, entrevistando os pajés e os membros mais velho da tribo.
Nenhum indígena vivo atualmente reconhece ter vivenciado esses fatos relatados, repassados por tradição oral pelos indígenas. Entre os jesuítas, a história é tratada como tolice e os registros do padre foram abandonados e descreditados pela falta de lucidez do locutor. Apesar de tudo os relatos do suicídio são reais e os dados dos fatos ocorridos e narrados conferem com as alegações dos diários.
Dizem os índios que essas cobras foram criadas no leito do rio, sempre próximos de sua mãe. e foram educados convivendo com os curumins, onde brincavam e aprendiam a língua e cultura local, pois tinham a capacidade intelecto e fala.
Os índios Tapuia entrevistados dão nomes de adulto, assim como para os da tribo, às duas criaturas: Cobra Norato e Maria Caninana. Os rumores apontam que quando receberam os nomes já passavam dos dez metros de comprimento, sendo o macho um pouco maior que a irmã.
Apesar de gêmeos a personalidade e atitude dos irmãos é a oposta. Honorato é personificado como bom e protetor dos curumins da tribo. Enquanto Caninana é reportada como violenta, má e agressiva.
A ela são atribuídos o alagamento de embarcações, homicídio de náufragos e ataque a mariscadores e pescadores. Além de feitos contra a vida animal, ferindo pequenos mamíferos e os peixes por prazer.
Supostamente os irmãos vivem em um conflito mortal. Por várias vezes, Norato achou que tivesse matado a irmã, mas meses mais tarde Caninana reaparece com atos de maldades.
Os efeitos do tempo aparentemente não afetam essas criaturas folclóricas, pois vivem há muito entre as tribos ribeirinhas, nas quais o povo reconhece, em tempos distintos e suficientemente longos, a presença da "pessoa" de Honorato.
Os irmãos possuem a capacidade de "trocar de pele" entre humano e cobra. Para tanto eles se despem da grandiosa pele de cobra, que fica estirada nas árvores próximas à margem do rio. Todos aqueles que tentam se aproximar da pele esticada são acometidos por um surto irrefreável do pior pavor possível, e são assombrados por temores e visões de medo por um longo período, outros pela vida toda.
Supostamente, enquanto pessoa Honorato é visto vez ou outra entre as tribos locais, dizem que ele homenageia o túmulo de sua mãe, que hoje é um entre vários sem lápide num cemitério comunal; ou em oportunidades de grande festividade onde acima de tudo dança com mulheres e proseia com os mais velhos sobre as histórias das tribos.
Sempre que esse homem aparece, de tempos em tempos, pode ser vista a pele da cobra estirada em uma árvore às margens do rio.
Caninana normalmente não é vista em pele de mulher, aparecendo apenas nos locais em que comete atrocidades grandes o suficiente para alterar o ambiente, e a bela mulher que ela se torna observa o ambiente com sadismo e orgulho de seus desígnios malignos. Ela contempla a cena até pouco antes de Honorato chegar.
Qualquer um tenha entrado em embate com ambos não conseguiu sucesso ao utilizar armas normais, apesar de que há relatos de ferimentos de quase morte causados com suas presas nos combates havidos entre as duas criaturas.
Durante as entrevistas com os nativos, um pajé Tapuia relatou saber como eles podem se tornar mortais definitivamente, segredo que recebeu após adquirir a visão da verdade com o uso de uma receita de seus ancestrais. Trata-se de um ritual com procedimentos bem destacados. O processo foi descrito da seguinte forma:
O interessado em ajudar tanto Cobra Norato como Maria Caninana deve encontrar o couro da cobra, sacudir na boca aberta três pingos de leite de mulher e dar uma cutilada com ferro virgem na cabeça da serpente, estirada no arreião. A boca vai se fechar com a pancada e a ferida renderá três gotas de sangue. Logo depois, o corpo da cobra deve ser queimado, até sobrar só as cinzas.
Assim a serpente perderá os poderes e seu corpo de humano passará a ser sua prisão, onde vai envelhecer e morrer como qualquer pessoa.
O pajé diz que é desejo de Honorato, e foi o último desejo de sua mãe, que essa "maldição" fosse quebrada e ele pudesse ser um homem completo, mas somente após derrotar Maria. Maria Caninana não tem nenhum interesse em se tornar uma "simples mortal", pois aprecia a forma como é temida pelos indígenas e população ribeirinha em suas duas formas.
COBRA NORATO E MARIA CANINANA EM 1920
Cobra Norato e Maria Caninana vivem seu jogo de gato e rato no interior do Amazonas. A tribo de sua mãe não existe mais, restando aos indígenas se relacionar com os moradores das vilas ribeirinhas. Como o tempo não tem efeito sobre ele, para não chamar a atenção dos humanos, Norato passa alguns anos sozinho no coração da Amazônia, em solidão. Sempre retorna quando tem notícias de sua irmã, e busca desfazer os males cometidos.
Na década de 1920, Maria Caninana tem atacado várias embarcações no rio Amazonas, sempre no início da noite. Os relatos de uma cobra negra fazendo vítimas são frequentes e nada parece impedir as ações do ofídio, que se aproxima cada vez mais de regiões mais populosas. Coincidência ou não, sempre que um barco é atacado, ou uma pessoa aparece morta por veneno ou estrangulamento de serpente, a cena é revisitada tanto por uma donzela indígena que observa os resultados do desastre quanto por um belo homem vestido todo de branco que surge no local para investigar o ocorrido.
OS WARI E O CULTO AO MBOITATÁ
No coração da Floresta Amazônica nas margens do rio Madeira vivem os Wari, isolados, sem contato com o mundo exterior. São um grupo de aproximadamente 300 indígenas de comportamento agressivo e com hábitos antropofágicos, temidos pelas outras tribos, que evitam qualquer tipo de proximidade.
Desde sua origem, os Wari elegeram as serpentes como animais sagrados e acreditam que seu pajé pode comungar com o espírito do Deus Cobra, recebendo dele poder de cura, iluminação e proteção para toda a tribo. Desde que o Pai das Serpentes, há muito, deixou de visitar a tribo, M'boitatá se tornou o objeto de adoração dos indígenas por um longo tempo.
O filho de Yig retribui a subserviência dos Wari protegendo a tribo e, por mais de uma vez, interferiu em ataques de outros indígenas. A criatura também foi responsável por causar a morte de algumas expedições de "homens brancos" que partiram para o interior da Amazônia em busca de tesouros e de cidades perdidas, ao atravessar as terras dos Wari.
A taba dos Wari é construída em parte na terra e parte na água, onde um altar foi levantado em homenagem a M'boitatá. Nele há um estranho couro de cobra trabalhado que o pajé veste como uma fantasia nas noites em que a cobra está presente e quando realiza seus rituais, supostamente é com o poder desse objeto que ele consegue se vincular ao Deus.
M'boitatá aprece de tempos em tempos, somente em noites de lua cheia, pelo mero capricho de ser contemplada com a boa luminosidade a refletir as escamas em chamas. A criatura se enrosca no monumento, onde ouve os cânticos dos nativos, e se comunica com o pajé, ouvindo suas súplicas.
Por vezes a gigantesca cobra requer sacrifícios, presentes ou que sejam realizadas tarefas em troca de seus favores sobrenaturais. Normalmente, mulheres e crianças levam alimentos para a grande cobra e o pajé é o único autorizado a ter contato físico com a criatura flamejante.
Durante a presença da M'boitatá acontecem as cerimônias antropofágicas, onde os corpos dos inimigos são consumidos lentamente, após serem assados. A parte humana mais valorizada no ritual antropofágico são os olhos, que são comidos crus e apenas pelos guerreiros da tribo. Para esses cultistas isso simboliza que estão imagem e semelhança de seu deus cobra.
Os ossos dos inimigos são moídos, queimados e enterrados. Os adultos ingerem em excesso uma bebida fermentada composta de raízes alucinógenas e muitos deles passam mal até desmaiar, sendo então colocados em túneis subterrâneos encharcados abaixo da tribo, onde os Wari mantém ninhos de todo tipo de serpente, o que dizem inclusive conter cobras únicas, cujo veneno é utilizado pelo Pajé para aquisição dos efeitos mágicos de seus rituais.
Durante o efeito etílico-alucinógeno, quando também são picados pelas cobras habitantes dos ninhos onde são colocados, os Wari acreditam se transformar em serpentes, e que nos ovos delas estão os espíritos dos que já se foram e retornam e daqueles que estão por vir.
Há uma profecia entre os Wari, de que M'boitata um dia irá botar um ovo num ninho nos túneis da tribo e uma nova era iniciará quando ele for chocado.
Recentemente as terras de domínio Wari vêm se expandindo e chamando atenção. Com o fracasso das expedições que tentam atravessar o terreno (e a eventual sobrevivência/enlouquecimento de algum membro da expedição), o desaparecimento das tribos inimigas e a grande infestação de serpentes na terra dos Wari vai assumindo um caráter místico no pensamento dos crédulos, que passam a contar histórias de que a tribo é protegida pela magia de um ídolo serpente, que lhes concede a capacidade de dominar os ofídios e de exalar veneno pelo próprio sangue.
Outros rumores falam de riquezas nas terras Wari, o que vêm atraindo atenção de todos os tipos, desde pesquisadores sérios e mercenários aproveitadores, a caçadores de animais exóticos e até mesmo de ocultistas, que conseguem captar o que há de verdadeiro na questão. Além disso, os inimigos da tribo vêm pedindo auxílio, sendo catequizados ou fugindo para longe, o que faz com que os guerreiros Wari tenham que ir até terras "civilizadas" para conseguir os sacrifícios a seu deus e cumprir os seus desejos, chamando atenção de autoridades.
ESTATÍSTICAS E SISTEMA
Apresentamos agora as estatísticas e sistemas de regras para uso das criaturas em Rastro de Cthulhu e Chamado de Cthulhu 7a edição, esperamos que gostem e possam narrar seus mistérios em terras tupiniquins.
Cobra Norato tem um viés de auxílio, e não deve ser combatido pelos investigadores, de modo que assim como os coadjuvantes a relação com as regras deve ser de que os jogadores fazem os testes para obter o seu auxílio, de modo que não há necessidade de uma ficha propriamente dita para a criatura, em todo caso, se achar necessário pode usar as mesmas estatísticas de sua irmã gêmea, Maria Caninana.
Os Wari são uma tribo indígena sem poderes especiais que mereçam destaque estatístico, bastando utilizar as estatísticas padrão dos livros do sistema, alterando apenas o contexto da tribo.
RASTRO DE CTHULHU (GUMSHOE)
- M'BOITATÁ
Limiar de Acerto: 3 (grande)
Modificador de Prontidão: +2
Modificador de Furtividade: +2 (+4 durante o dia, em forma de Méuan)
Ataques: +2 (Encontrão), +3 (Imobilizar e apertar), +4 (devorar olhos/mordida)
Armadura: +1 pele dura
Perda de Estabilidade: +1 (vislumbrar os hipnotizantes olhos em chamas nas escamas da criatura)
Veneno Amaldiçoado: Criaturas que forem atacadas pela mordida do M'boitatá ou tiverem seus olhos devorados sofrem os efeitos de um veneno/maldição e devem fazer um teste de Estabilidade Dificuldade 5 para não adquirir Ofidiofobia em níveis elevados (aumenta a perda de estabilidade por contato com cobras e serpentes).
Espírito do Fogo: Caso algum investigador venha a sofrer de perda de Sanidade por situações atreladas ao M'boitatá ele passará a ser esporadicamente assombrado por visões de serpentes, que surgem quando houver a necessidade de realizar um teste de Estabilidade.
Investigação:
Coletar Evidência: Os registros locais apontam para uma grande quantidade de casos de picada de cobras venenosas na região. Os estoques do posto de saúde ou hospital local estão cheios de soro antiofídico de todo tipo. Mesmo assim a população não ataca as serpentes que se escondem pela zona urbana.
Ciência Forense: Um objeto perfuro-cortante arrancou os olhos das vítimas e causou estragos no rosto, algo grande e pontudo, do tamanho de um facão. A incisão é profunda. Além disso, a vítima possui uma grande quantidade de ossos quebrados e órgãos internos rompidos, possivelmente causados por alguma espécie de esmagamento. Os olhos foram arrancados enquanto a vítima ainda estava viva, algo típico na prática de tortura.
Sentir Perigo: Um frio na espinha peculiar sobe pelo seu corpo. A sensação você já conhece: uma presa que está sendo observada pelo seu predador. Há algo lá fora, no escuro, escondido, observando, caçando...
Biologia: Há uma grande grande quantidade de cobras no local, acima da média para locais tão próximos a população humana. Aparentemente o ecossistema está em desequilíbrio pendendo para o lado dos ofídios, até mesmo a presença de predadores é reduzida.
- MARIA CANINANA
Limiar de Acerto: 3 (4 em forma humana)
Modificador de Prontidão: +1
Modificador de Furtividade: +2 (+0 em forma humana)
Ataques: +0 (tortura), +2 (mordida), +2 (imobilizar e apertar)
Armadura: +1 pele dura - escamas (+0 em forma humana)
Perda de Estabilidade: + 0 a não ser que seja fóbico.
Troca Peles: Maria Caninana pode se transformar em humana, deixando sua pele de cobra estirada em uma árvore próxima ao lago, até que a vista novamente. Qualquer um que se aproxime da pele de cobra deve fazer um teste de Estabilidade Dificuldade 5 para não ser atacado por um ataque de pânico por acreditar que a pele está viva e no seu encalço, após algum tempo o efeito cessa, mas a vítima ainda acreditará que a cobra está viva.
Investigação:
Coletar Evidência: Estranhos rastros de uma cobra imensa vão na direção à pele de cobra estirada na árvore, seguindo os rastros se tornam pegadas de um pé pequeno, possivelmente de uma mulher descalço.
Ciência Forense: A vítima parece ter sofrido o ataque de uma grande anaconda. Porém algo chama a atenção, entre as feridas e danos causados pelo animal pode-se verificar um padrão assertivo de golpes que dão uma sensação de sadismo, pois foram feitos para causar dor ao invés de matar da forma mais eficiente.
Sentir Perigo: A cena do desastre causa espanto e você tem a sensação de que o causador disso tudo deixou as coisas como estão para expressar suas intenções de ódio da forma mais visceral possível. Você já aceitou que vai ter pesadelos essa noite, mas a presença do investigador todo de branco que investiga que também acompanha cena te reconforta.
Biologia: Não há dúvida alguma de que o ataque foi causado por uma das maiores cobras que você já foi capaz de ver rastros durante toda a sua vida. Se for capturada vai render uma notícia no jornal e talvez um bom dinheiro se levada a algum zoológico.
CHAMADO DE CTHULHU 7ª EDIÇÃO
- M'BOITATÁ
FOR 250 CON 190 TAM 260 DES 75 INT 60 POD 60
PV 45
Habilidade Especial: Constringir, Veneno Amaldiçoado, Forma de Meuán
Bônus de Dano Médio: +5d6
Corpo Médio: 6
Movimentação: 6 (em terra e em água)
Ataques: Uma criatura noturna que ataca à noite, ele é malicioso e espreita antes de atacar com seu poderoso corpo. O M'boitatá visa constringir suas vítimas para depois arrancar-lhes os olhos com mordidas, envenenando suas mentes.
Ataque por rodada: 1d3
Dano: 1d10
Luta 60% (30/11)
Esquiva 40% (20/8)
Armadura: 4 - escamas e músculos fortes, o M'Boitatá recupera 2 pontos de vida por rodada até ser reduzido a 1 ponto de vida ou menos.
Perda de Sanidade: 1D3/1D20 pontos de sanidade.
Constringir (manobra): Busca se enroscar na vítima, para então esmagar e engolir a vítima inteira. Com um ataque bem sucedido a vítima está em desvantagem a partir dali (dado de penalidade) e dano automático é aplicado a cada rodada a menos que a cobra seja morta ou removida por um teste de FOR resistido.
Veneno Amaldiçoado:Criaturas que forem atacadas pela mordida do M'boitatá ou tiverem seus olhos devorados sofrem os efeitos de um veneno/maldição e devem fazer um teste de CON para não adquirir Ofidiofobia em níveis elevados e perder 1d6 pontos de sanidade.
Forma de Meuán: Durante o dia o M'Boitatá se transforma em uma tora queimada em brasas, um Meuán. Caso alguém se aproxime ele pode atacar de forma mágica fazendo com que o a vítima entre em combustão espontânea, causando 3d6 de dano. Além disso, ele pode apagar ou repelir qualquer chama que se aproxime enquanto em forma de Meuán.
- MARIA CANINANA
PV 18
Habilidade Especial: Veneno, Constringir, Troca Peles
Bônus de Dano Médio: +2d6
Corpo Médio: 3
Movimentação: 6
Ataques: Em forma de cobra Maria Caninana ataca suas vítimas com mordidas venenosas, para deixá-las inconscientes e torturá-las depois, ou enrolando-se ao redor de seu corpo para então esmagar com um aperto poderoso. Em forma humana ela ataca com a arma que estiver em punho.
Ataque por rodada: 1
Dano: 1d3
Luta 60% (30/12)
Esquiva 35% (17/7)
Furtividade 90%
Armadura: 3-escamas reforçadas
Veneno: O veneno tóxico da cobra exige que a vítima faça um teste Extremo de CON ou sofre os danos diretos do veneno, causando a inconsciência.
Constringir (manobra): Busca se enroscar na vítima, para então esmagar e engolir a vítima inteira. Com um ataque bem sucedido a vítima está em desvantagem a partir dali (dado de penalidade) e dano automático é aplicado a cada rodada a menos que a cobra seja morta ou removida por um teste de FOR resistido.
Troca Peles: Maria Caninana pode se transformar em humana, deixando sua pele de cobra estirada em uma árvore próxima ao lago, até que a vista novamente. Qualquer um que se aproxime da pele de cobra deve fazer um teste ou perder 1d6 pontos de sanidade e ser acometido por um surto de medo que o fará correr o mais longe possível da pele de cobra.
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Rastro de Cthulhu é publicado no Brasil pela Retropunk Publicações, sob licença da Pelgrane Press.
Chamado de Cthulhu 7a edição é publicado no Brasil pela Editora New Order, sob licença da Chaosium Inc.
Publicado originalmente em parceria com Arthur Pinto de Andrade no blog Donjon Master
Chamado de Cthulhu 7a edição é publicado no Brasil pela Editora New Order, sob licença da Chaosium Inc.
Publicado originalmente em parceria com Arthur Pinto de Andrade no blog Donjon Master
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