SIOANI: uma organização militar brasileira real de investigação de OVNIS



O ano é 1969. A Força Aérea Brasileira cria o Sistema de Investigação de Objetivos Aéreos Não Identificados (SIOANI) com o objetivo de apurar os relatos frequentes de Contatos Imediatos. O Brasil vivia os primeiros anos de ferro da Ditadura Militar iniciada em 1964, com apoio dos Estados Unidos - por meio da Operação Condor, os militares tomam o poder com o pretexto de evitar que o país fosse varrido pela onda comunista que corria o mundo e havia transformado China e Cuba. Com um regime totalitário e de exceção de direitos civis os militares se mantiveram no poder até 1985. 

Avaliar esse período não é o objetivo desse artigo, mas é importante saber o contexto histórico para aproveitar a história do SIOANI, uma organização real, mas que aqui será adaptada para The Fall of Delta Green, o instigante suplemento da Pelgrane Press para Delta Green RPG. 

OVNIS E ETS NO BRASIL - A CRIAÇÃO DO SIOANI

Desde 1954, a Força Aérea Brasileira (FAB) registrava os contatos com OANIs (Objetivos Aéreos Não Identificados no Brasil) e Aliens em território nacional. Até 1969, os casos mais notórios eram apurados pelos militares, que iam a campo para confirmar os relatos e descartar o que era falso. Com o aumento no número de ocorrências, a FAB entendeu que precisava de uma estrutura organizada para investigar e padronizar os atendimentos, até como forma de compreender porque o Brasil era ponto de passagem e pouso dos ETs - surge o SIOANI.

Sediado no Quartel General da 4ª Força Aérea, na cidade de São Paulo, o SIOANI é composto por militares da FAB, que trabalham no local, mas mantém a execução de suas atividades originais como prioridade. Colaboradores civis podem fazer parte do órgão, mas em sistema de voluntariado, sem recebimento de salário ou vinculação oficial. Para evitar especulações, as apurações inicialmente recebem a classificação de restrita e reservada e os resultados são apresentados diretamente para o Estado-Maior da Aeronáutica. 

O SIOANI era composto pela Central de Investigações de Objetos Aéreos Não Identificados (CIOANI), que recebe os relatos das Zona de Investigação de OANI (ZIOANI) e dividiu o Brasil em várias áreas. Os maiores registros chegam de cidades do interior de São Paulo e Mato Grosso, mas Pernambuco, Bahia, Brasília, Rio de Janeiro e Minas Gerais também receberam visitas de agentes militares. 

Após o recebimento de um caso e uma apuração prévia de que poderia ser de fato um Objetivos Aéreos Não Identificados (OANI) ou um Ser Extraterreno, entra em ação o Núcleo de Investigação de OANI (NIOANI), responsável pelas investigações e coleta de materiais em campo. Os Laboratórios de Investigação de OANI (LIOANI) cuidam das análises laboratoriais e eventuais autópsias. Cabe a Força Aérea Brasileira dar suporte de transporte e comunicação. 

Cada Núcleo de Investigação de OANI é composto por três a quatro pessoas, que contam com máquinas fotográficas, um magnetómetro, um contador Geiger, equipamentos de infravermelho e ultravioleta, além de armamento militar padrão. Em muitos dos casos, os operativos, para não chamar a atenção, não iam à campo fardados.  

Todas as testemunhas de Contatos Imediatos são submetidas a exames para avaliar a presença de psicopatologia, desvio de personalidade ou a tendência à mitomania. Também é investigada a condição psicofísica da pessoa no momento da observação (em jejum, alimentado, com teor alcoólico, cansado, trabalhando ou distraído), se ela vivia tensões familiares ou políticas e qual religião seguia. O local da aparição do OANI também é esmiuçado: tipo de vegetação, umidade e temperatura devem ser citados nos relatórios.

O relatório padrão preenchido pelos investigadores (IPOANIs), em geral, possuía sete questionários:
a.Dados relativos ao observador
b.Dados referentes à área observador/OANI
c.Dados referentes à observação
d.Dados referentes ao(s) OANI(s)
e.Comprovações objetivas da declaração
f.Eventos notados simultaneamente com a presença do OANI
g.Descrição histórica da pesquisa, com apreciação final sobre os fenômenos observados

Durante seu funcionamento, entre 1969 e 1972, o SIOANI recebeu e investigou mais de 100 relatos. Em 95% dos registros, foi apurado que se tratava de ocorrências falsas. Os 5% que não foram descartados seguiam um outro trâmite.

SIOANIS E DELTA GREEN

Desde a Operação Condor, os governos brasileiro e estadunidense formaram um acordo de cooperação mútua. Além do apoio e sustentação do regime militar, a Casa Branca auxiliava no treinamento das Forças Armadas no Brasil e recebia relatos sobre o combate aos ditos "guerrilheiros comunistas". Também recebia a atenção o trabalho desenvolvido pela FAB na identificação das ocorrências com os OANIS.


O que não figura nos registros oficiais é que a criação do SIOANI aconteceu por estímulo do governo estadunidense, que por meio do programa MAJESTIC identificou uma presença de UFOs em quantidade significativa no espaço aéreo brasileiro, despertando seu interesse. O treinamento de alguns dos integrantes nativos foi realizado por agentes Delta Green. E as análises de campo que apresentaram resultados mais próximos de atividade extraterrena foram encaminhados diretamente para o Pentágono.

O Brasil figura na lista de países onde seria possível a realização de operações Delta Green, principalmente pelo registro de criaturas ligadas aos Mitos de Cthulhu. O registro das aparições dos UFOs confirmou a necessidade da atuação da força militar em território brasileiro.

O SIOANI encerrou suas atividades em 1972, sem nenhuma explicação oficial da FAB para a finalização do trabalho dos militares e atribuindo a troca do comando da 4ª Zona Aérea como o fator de finalização. Extraoficialmente foi relatado que o encerramento do Delta Green, que auxiliava em suporte e treinamento, e os elevados custos de operação da organização, somado ao desconhecimento quanto ao resultado dos casos concretos, desestimulou o governo brasileiro em continuar com as operações.

Alguns dos relatos investigados pelo SIOANI serão disponibilizados em pdf, como handouts, no final desse texto. Eles servirão para os Handlers utilizarem na criação de suas operações no Brasil, seja com equipes compostas apenas por IPOANIs, apenas por Delta Green ou mistas, ou apenas para servir de inspiração para que você crie o seu próprio.


SIOANIS COMO PERSONAGENS


Agentes de campo SIOANIS começam com uniforme militar (mas podem ir nas missões de campo com vestimenta comum), arma de fogo (pistola ou rifle), máquinas fotográficas, um magnetômetro, um contador Geiger, equipamentos de infravermelho e ultravioleta, e um veículo à disposição para as investigações.

Podem gastar inicialmente 11 pontos com Habilidades Investigativas e 20 pontos com Habilidades Gerais. Recebem Data Retrieval 1, Fringe Science 1, Military Science 1, Notice 1, Physics 1

Adicionar uma Especialidade Científica (escolher uma opção): Astronomy 2, Biology 2, Chemistry 2, Physics 2

Adicionar três Habilidades Investigativas (escolha três opções): Agency 2, Data Retrieval 2, HUMINT 2, Fringe Science 2, SIGINT 2, Traffic Analysis 2

Adicionar duas Habilidades Gerais (escolha duas opções): Bureaucracy 3, Network 3, Preparedness 3, Sanity 5, Stability 5.

HANDOUTS

SIOANI: Handout 1

SIOANI: Handout 2

Publicado originalmente no blog Donjon Master

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